Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana,
Os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem.
Jean Paul Sartre

A liberdade individual, compromisso para a vida, manifesta-se em relações internas ao próprio sujeito, assim como em redes de relações que se atualizam no coletivo. Os contextos sociais, próximos e alargados, que asseguram à vida psíquica as condições da sua existência, propõem continentes e caminhos que nos podem subjetivar ou assujeitar, ligar-nos à vida ou à morte, ao medo ou à liberdade.

A ética da psicanálise é a afirmação da liberdade e da singularidade e o questionamento em que essa liberdade nos implica, procurando libertar o homem do destino trágico da compulsão à repetição, através da criação de um espaço de experiência da verdade de si mesmo e de um maior conhecimento das amarras interiores, criando ou reencontrando um espaço de emancipação e de liberdade criativa que permita vencer o medo e arriscar abrir-se a novas experiências de vida.

O XXVII COLÓQUIO DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSICANÁLISE propõe-se aprofundar, em diálogo com diferentes áreas do conhecimento e da cultura, os caminhos da liberdade no espaço interno e no espaço social.



Os Pássaros. Hitchcock: um discípulo de Freud. 

A CINEMATECA em colaboração com a SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSICANÁLISE, no âmbito do seu XXVII COLÓQUIO sobre “A LIBERDADE E O MEDO”, que se realizará nos dias 15 e 16 de Abril de 2016 no Auditório da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, reapresenta OS PÁSSAROS, um filme fundamental de Hitchcock. Obra clássica do cinema, pode ser vista como metáfora psíquica do medo, algo que invade o sujeito trágico que se sabe desconhecido de si mesmo. É pois uma obra psicanalítica por excelência. Num mundo precário, onde as tempestades de Turner invadem o quotidiano retirando o narcisismo de vida à nossa existência, este filme é também de uma profunda atualidade política. 

Após a apresentação, decorrerá uma conversa sobre o Medo, a Liberdade, o Medo da Liberdade, e a Psicanálise com João Lopes (critico de cinema) Manuela Harthley (psicanalista) e Vasco Santos (psicanalista).

NOTA
Os inscritos no Colóquio terão entrada gratuita, mediante a apresentação na Bilheteira da Cinemateca do comprovativo de inscrição, que deverá ser pedido ao Secretariado da SPP, através do correio eletrónico: sppsicanalise2013@gmail.com

Programa

SEXTA-FEIRA 15 Abril

8h15 ABERTURA DO SECRETARIADO

9h SESSÃO DE ABERTURA
Maria Teresa Sá: Comissão organizadora

Rui Aragão: Presidente da sociedade Portuguesa de Psicanálise
Representante da FP-UL

9h30 CONFERÊNCIA

Leopold Nosek


O Processo Psicanalítico como Espaço de Liberdade

Conversa com Maria José Gonçalves

11h PAUSA CAFÉ

11h30 O MEDO À LIBERDADE - Sujeição, Conformismo, Emancipação
moderadora: Isabel Margarida Pereira 

Viriato Soromenho Marques
A perpétua oscilação: entre o direito à liberdade e as políticas do medo

Irene Pimentel
A transmissão estatal do medo e a liberdade de resistir no século XX português

João Sousa Monteiro
Cobardia silenciosa

Rui Aragão
Liberdades, libertinagens e alguns medos

13H ALMOÇO

14h30 NA CLÍNICA, COM OS MEDOS
Clínica da angústia, fobias, velhos e novos medos
moderador: António Régio de Mendonça

Maria Fernanda Alexandre
Funcionamento fóbico na relação do campo analítico

Conceição Tavares de Almeida
À conversa com os medos

Elsa Couchinho
Alerta laranja

16h PAUSA CAFÉ

16h30 ERA UMA VEZ A LIBERDADE ...
histórias para falar com os medos
moderadora: Rita Marta

João Seabra Diniz
A verdade do medo e o medo da verdade:
a difícil relação entre a realidade e o fantasma

Sílvia Madeira
Ser livre, poder escolher. Releitura de um conto de Andersen

Miguel Horta
“Conta-nos uma história para espantar o medo”

21h00 TERTÚLIA DA LIBERDADE

Pensamentos, Palavras, Música

Ana Sousa Dias, Pedro Mexia, 
Helena Pato, Francisco Fanhais
Ana Catarina Duarte Silva

BAR- RESTAURANTE DA CINEMATECA PORTUGUESA
Entrada Livre


SÁBADO 16 de Abril

9h30 QUANDO SE PERDE A LIBERDADE
moderadora: Ana Belchior Melícias 

Maria Luís Borges de Castro
Liberdade: a sustentável fragilidade do afeto

Maria Palha
Uma caixa de primeiros socorros das emoções e o Medo

Victor Nogueira
Lutar contra os medos, condição de Liberdade

Mónica Farinha
Asilo: espaço de Liberdade

11h PAUSA CAFÉ

11 H 30 CONFERÊNCIA

Paul Denis

De la Peur et de la Liberté dans les Societés Actuelles. Approches Psychanalytiques.

Conversa com Manuela Fleming

[Tradução simultânea]

13H ALMOÇO


14h30 A CIDADE DOS HOMENS
moderadora: Maria do Carmo Sousa Lima

Filme : ESPAÇOS
Leonardo António

Manuel Graça Dias
O medo da cidade: de automóvel, entre o shopping e o condomínio

José Machado Pais
Patologias sociais da vida urbana

Vasco Santos
Arquitetura e melancolia

16h PAUSA CAFÉ

16H30H A CULTURA COMO ESPAÇO DE LIBERDADE
moderadora: Deolinda Santos Costa

Maria Teresa Horta
Chameada de Pássaros


Emílio Salgueiro
Ou da liberdade como espaço de cultura?

Miguel Lamas
Poesia presa


Fernando Alves
Tenho medo! Que vejo em mim?

18h ENCERRAMENTO

18h às 20h ESPAÇO IPSO
Supervisão Clínica com Leopold Nosek

21h JANTAR DE ENCERRAMENTO



Conferência

Leopold Nosek
O processo psicanalítico como espaço de Liberdade

Comentário: Maria José Gonçalves

 Argumento
O tema liberdade sofre as mesmas vicissitudes do conceito da razão. Encaradas de forma absoluta, como um valor em si pelo iluminismo, merecem uma visão crítica acerca da sua dialética. A razão encontra seus limites por exemplo em Freud com a apreensão do imenso território do inconsciente. O conceito de liberdade encontra seus limites na concepção do Outro. O pensamento acerca da dialética da liberdade e seus limites é o lócus privilegiado de pensarmos a Ética. Na dialética da relação sujeito-objeto nasce a urgência de uma ética em nosso fazer clínico e teórico. Pretende-se ainda reflectir a respeito da presença da alteridade social e histórica na nossa prática quotidiana.


Apresentação
Leopold Nosek é psicanalista didata da Sociedade Brasileira de psicanálise de São Paulo. Premidado em 2014 com o SigourneyAward, Leopold Nosek foi diretor da Federação Psicanalítica América Latina, editor da Internacional Psychoanalisis, Presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e responsável pelo boletim informativo da Associação Psicanalítica Internacional

Maria José Gonçalves é médica pedopsiquiatra, psicanalista, membro didata da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e Presidente da Comissão de Ensino da SPP. Membro da Federação Europeia de Psicanálise (EPF) e da Associação Internacional de Psicanálise (IPA). Foi diretora do Departamento de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital de D. Estefânia de Janeiro de 2000 até 31 de Janeiro de 2006, Presidente da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (APPIA) nos biénios de 2002-2003 e 2004-2005 e membro do Conselho Nacional de Saúde, órgão consultivo do Ministério da Saúde, durante o mesmo período. Em 1983 funda a Unidade da 1ª Infância, sendo sua diretora até Janeiro do ano 2000.Fundadora e membro da Associação Ser Bebé - Associação Portuguesa para a Saúde Mental da Primeira Infância, filiada na Associação Mundial para a Saúde Mental da Primeira Infância (WAIMH).

O Medo à Liberdade - sujeição, conformismo, emancipação

Rui Aragão Oliveira
LIBERDADES, LIBERTINAGEM E ALGUNS MEDOS

Argumento

Reflexão sobre aspetos de natureza ética, associados ao poder e à liberdade, à libertinagem e aos receios que surgem na atividade clínica e na exigente formação do Psicanalista no sec. XXI. A visão humanista da Psicanálise sempre valorizou a conquista individual de autonomia, da liberdade interna para optar e não pode nunca esquecer também a responsabilidade consequente da conquista dessa liberdade. A perversidade, a corrupção social e as situações privadas de Poder são também abordadas, associadas à vivência infantil do gozo ilimitado

Notas Biográficas
Rui Aragão Oliveira é Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise. Membro da Associação Internacional de Psicanálise, Psicanalista titular e com funções didáticas na Sociedade Portuguesa de Psicanálise, exerceu a atividade de docência universitária no ensino Público (Universidade de Évora) e Privado (Instituto Psicologia Aplicada). Dirigiu a Revista Portuguesa de Psicanálise e é membro do Editorial Board Psychoanalysis Today e do Comité de assessores do Livro Anual de Psicanálise. Autor de um vasto número de artigos, publicados em Revistas científicas da especialidade, destacam-se: O lugar do Pai na clínica psicanalítica: ontem e hoje (Revista Portuguesa de Psicanálise, 2015); O estudo de caso como metodologia de investigação psicanalítica (Revista de Psicanálise da SPPA, 2015); A relação terapêutica na psicoterapia psicanalítica: a experiência vivida por pacientes (Revista Brasileira de Psicoterapia, 2014); Masculinity and the analytic relationship - transforming masculinity in the course of the analysis ( In Ester Palerm Mari & Frances Thomson-Salo, Masculinity and femininity today. London, Karnac, 2013); O analista e a construção da interpretação( Revista Portuguesa de Psicanálise, 2013); Sobre a investigação do processo terapêutico em Psicanálise e em Psicoterapia Psicanalítica (Revista Portuguesa de Psicanálise, 2012); A entrevista clínica psicanalítica ( Revista Portuguesa de Psicanálise, 2010); O funcionamento perverso da mente (Revista Brasileira de Psicanálise, 2008); A dor e sua erotização: contributos para a compreensão do fenómeno da dor (Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação.


Viriato Soromenho Marques

A PERPÉTUA OSCILAÇÃO: ENTRE O DIREITO À LIBERDADE E AS POLÍTICAS DO MEDO

Argumento
Como “abertura” para esta apresentação, recorda-se este texto publicado no “Diário de Notícias”, em 7 de Novembro de 2010


ELOGIO DO MEDO
Numa entrevista recente, concedida à Antena 1, o filósofo José Gil alertava para o que considerava ser o “regresso do medo”, dando como exemplo o alastramento das atitudes de egoísmo nos locais de trabalho, que só se explicaria pela fragmentação de uma sociedade crescentemente atomizada pelo medo. Concordo com a descrição dos sintomas, mas discordo do diagnóstico de José Gil. Prefiro seguir o grande Thomas Hobbes, que na sua clássica obra, Do Cidadão (1642) chamava a atenção para a dimensão política do medo: "[...] a origem de todas as grandes e duradouras sociedades não consistiu na boa vontade mútua de todos os homens, mas no medo recíproco que tinham uns pelos outros." Só o medo nos permite enfrentar a fragilidade da condição humana, mortais partilhando efemeramente o mundo com os nossos semelhantes. O medo combate a desmesura, estimula a inteligência, promove o raciocínio estratégico, incentiva a disciplina, ajuda-nos a conhecer os nossos limites, e a respeitar os limites dos outros. Se José Gil aceitar trocar “medo” por “pânico”, a sinistra força que paralisa a vontade, então estaremos integralmente de acordo. Depois de quase duas décadas de euforia -- a forma extrema da ausência da dimensão política do medo -- a sociedade portuguesa entra agora numa incerta e perigosa onda de pânico, onde cada um procura o seu nicho de salvação. Nesta paisagem sombria só poderemos saudar o regresso do medo, como uma paixão que nos ajude à navegação nas águas agitadas do presente. Com medo, teremos políticas públicas mais duradouras e escolhas pessoais mais sensatas. Aliás, só quem experimenta o medo consegue desenvolver a virtude fundamental que tem faltado à política portuguesa: a coragem. Só a coragem, aliada à lucidez, consegue mudar o mundo para melhor.

Notas Biográficas
Viriato Soromenho-Marques é Doutorado em Filosofia e Professor Catedrático de Filosofia da Universidade de Lisboa, regendo as cadeiras de Filosofia Social e Política e de História das Ideias na Europa Contemporânea. Membro da Academia das Ciências de Lisboa e de várias Sociedades e organizações científicas em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente da Sociedade Portuguesa de Filosofia, da International Society for Ecological Economics, da American Political Science Association, da Associação Portuguesa de Ciência Política. Desenvolve desde 1978 uma intensa actividade no movimento associativo ligado à defesa do ambiente, tendo sido de 1992 a 1995 presidente da QUERCUS. Publicou numerosos artigos, estudos e livros, abordando temas filosóficos, político-estratégicos, e ambientais, nomeadamente: Europa: o risco do futuro (Lisboa, Dom Quixote, 1985); Direitos humanos e revolução (Lisboa, Colibri, 1991); Europa: labirinto ou casa comum (Lisboa, Publicações Europa-América, 1993); Regressar à Terra: Consciência ecológica e política de ambiente (Lisboa, Fim de Século, 1994); Metamorfoses. Entre o Colapso e o Desenvolvimento Sustentável (Mem Martins, Publicações Europa-América, 2005), Cidadania e Construção Europeia (coordenação, Lisboa, Museu da Presidência da República/Ideias e Rumos, 2005).


Irene Flunser Pimentel

A transmissão estatal do medo e a liberdade de resistir no século XX português

Argumento
Durante quase metade do século XX, Portugal viveu sob um regime de ditadura sendo a sua longa duração considerada um fenómeno na historiografia europeia contemporânea. Os factores que para tal contribuíram já foram analisados, quer numa perspectiva histórica, quer também sociológica, filosófica e psicológica. Contribuíram certamente para a duração da ditadura e para o facto de a resistência a esta ter sido sempre minoritária e incapaz de derrubá-la, os aparelhos de repressão, da PIDE à PSP passando pela GNR, mas também as Forças Armadas, que na realidade monopolizam a violência do Estado. Curiosamente, foram até uma parte dessas Forças Armadas que, por duas vezes, derrubaram regimes no século XX português: em 1926, a I República, e em 1974, a Ditadura.
No entanto, nenhuma ditadura funciona e perdura unicamente através do medo aterrorizador e da eliminação da liberdade de resistência, pois infelizmente a sua duração também se deve em parte à forma como esse regime “compra” partes da população, acenando-lhe com “privilégios”. Qualquer regime ditatorial cria também, a par da apatia e da despolitização, diversas atitudes de cumplicidade com ela e até mesmo a adesão de parte da população. É através da análise desses diversos factores, que me proponho tentar contextualizar e explicar esse processo de instilação do medo e de abdicação “voluntária” da liberdade, bem como as suas consequências no tempo presente.
 
Notas Biográficas
Irene Flunser Pimentel é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, mestre em História Contemporânea e doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Elaborou diversos estudos sobre o Estado Novo, o período da II Guerra Mundial, a situação das mulheres e a polícia política durante a ditadura de Salazar e Caetano. É investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH da UNL). É co-autora e autora de diversos livros, entre os quais se contam: História das Organizações Femininas do Estado Novo; Judeus em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Em Fuga de Hitler e do Holocausto; A História da PIDE; Vítimas de Salazar. Estado Novo e Violência Política. Recebeu o Prémio Pessoa, atribuído pelo Expresso e a Unysis em 2007 e o o Prémio Seeds of Science na categoria «Ciências Sociais e Humanas» em 2009; É Chevalière de la Légion d´Honneur francesa.



João Sousa Monteiro
COBARDIA SILENCIOSA

Argumento
Jacques Le Goff propõe, num curto ensaio sobre a Europa, que dos valores fundadores da civilização Ocidental que os Gregos nos legaram – o valor da razão, da liberdade, da ciência, da dúvida - talvez o mais importante tenha sido o valor da dúvida. As ‘basic assumptions’, de Wilfred Bion, são mecanismos internos que nos mantêm, silenciosamente, no pânico da dúvida. Esses ‘personagens’ internos, que parecem povoar-nos silenciosamente a todos, militam continuamente contra talvez o mais importante valor da cultura Ocidental. Parafraseando Hamlet (III. i. 83), a dúvida faz de nós todos cobardes. Mas a cobardia perante a dúvida deixa marcas profundas na vida de cada um de nós tal como na história dos homens.


Notas Biográficas

João Sousa Monteiro é Psicanalista em prática clínica há mais de vinte e cinco anos.
Fez cinco programas de rádio sobre psicanálise, dois dos quais com João dos Santos, e outros dois com Amaral Dias. Desses programas nasceram quatro livros.
Fez a sua primeira formação em psicanálise em Lisboa, tendo a partir daí feito toda a sua a formação clínica com Donald Meltzer, com quem trabalhou em Oxford durante treze anos. Donald Meltzer supervisionou todos os seus casos clínicos durante esse tempo. A investigação clínica e teórica sobre o trabalho então feito com Meltzer continua no presente. Desenvolve actualmente vários projectos de investição clínica e teórica na área da psicanálise em colaboração com colegas seus nos Estados Unidos, e com a Harris-Meltzer Trust, em Londres.
Obras: “The Clinical Importance of Donald Meltzer’s Theory of Aesthetic Conflict”, actualmente em processo de publicação (The Harris-Meltzer Trust / Karnac); The Tragedy of Triumph: A Thirteen-year Analysis in Supervision with Donald Meltzer” – em preparação (The Harris-Meltzer Trust/Karnac)





Na clínica com os medos

Maria Fernanda Alexandre
FUNCIONAMENTO FÓBICO NA RELAÇÃO DO CAMPO ANALÍTICO


Argumento

Pretende-se demonstrar como, na clinica psicanalítica,a relação de campo pode ser invadida por um funcionamento fóbicoque evita ou dificultaas associações livres eataca ou desfaz os elos das ligações psíquicas. Como, através da compulsão de repetição, pode reproduzir um funcionamento mental marcado pela projecção no objecto da sua própria precaridade. Esta “posição fóbica central” (A. Green, 2000)funciona como um bastião que não permite reproduzir notransfer o reconhecimento da sua verdade interna, matizada pela qualidade dos objetos primários que foram vividos como decepcionantes, abandónicosou traumáticos. Nestas circunstâncias os pacientes podem abrigar-se em refúgios narcísicos de difícil contacto que levantamaos analistas diferentes questões teóricas e técnicas.

Notas Biográficas

Maria Fernanda Gonçalves Alexandre é Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Psicanalista de adultos, de adolescentes e de crianças. É membro titular com funções didatas na Sociedade Portuguesa de Psicanálise, membro da Associação Internacional de Psicanálise (API), da Federação Europeia de Psicanálise (FEP) assim como da Sociedade Europeia de Psicanálise da Criança e do Adolescente (SEPEA). É membro supervisor, na área da Psicoterapia analítica, da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clinica. Tem atividades docentes no Instituto de Psicanálise. Foi Secretária Cientifica da Sociedade Portuguesa de Psicanalise, Presidente do Instituto de Psicanalise e Presidente da Comissão de Ensino. É atualmente a Directora da Revista Portuguesa de Psicanalise ( Órgão da Sociedade Portuguesa de Psicanalise).  
Tem feito um número assinalável de Conferências e Comunicações em vários Congressos e Seminários assim como em diferentes Instituições. Tem publicado diversos artigos em revistas de Psicanálise, de Psicoterapia ou de Psicologia Clínica. Participou, em conjunto com colegas, em quatro livros dentro da sua área. Publicou também dois livros um em 2007 com o seguinte titulo “Mudanças Psíquicas no Processo Terapêutico – O papel do narcisismo”, (Editora Fenda) e outro em 2014 – “A Experiencia Psíquica- Ensaios sobre a construção do processo psicanalítico”, (Editora Fenda). Faz clínica privada em Lisboa.
 


Conceição Tavares de Almeida
À CONVERSA COM OS MEDOS


Argumento

Partimos de sonhos em sessão, na clínica com os medos, para refletirmos sobre os sonhos, o seu valor de comunicação, de adaptação, assim como o seu potencial de transformação.

Notas Biográficas
Conceição Tavares de Almeida é Psicóloga Clínica e Psicanalista;
Membro Titular da SPP e da IPA, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.
Formadora e supervisora nos temas da Psicanálise, da Psicoterapia, da Psicologia Clínica e da Saúde;
Assessora para a Infância e Adolescência do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral de Saúde; Com vasta experiência profissional institucional nas Toxicodependências e nos Cuidados de Saúde Primários e Docência na área da Psicologia Criminal e do Comportamento Desviante.



Elsa Couchinho
ALERTA LARANJA


Argumento

O vento, a chuva, o mar...
A sua força bruta e destrutiva...
Uma mente em permanente estado de alerta laranja ou vermelho, até porque se as estações mudam diminuindo a probabilidade de tempestades, os tremores de terra e os tsunamis podem acontecer a qualquer momento.
Joaquim inicia a sua análise aos seis anos, nesse estado de alerta sem vislumbrar um único lugar capaz de o proteger. A analista é ela própria vulnerável a esses perigos e encontra-se, tal como todos, impotente face à destrutividade da natureza.
É necessário que possamos ter "abrigo" na mente de alguém e que a nossa destrutividade encontre outros caminhos para além dos da projeção.
Joaquim e a sua analista continuam a fazer esse caminho onde as forças da natureza são e serão sempre indomáveis.


Notas Biográficas
Elsa Couchinho é psicanalista, membro da International Psychoanalytical Association (IPA) e da Sociedade Portuguesa de Psicanálise, na qual realizou igualmente a sua formação em Psicanálise da Criança e do Adolescente. Licenciada e Mestre em Psicologia Clínica pelo ISPA, desenvolve a sua actividade clínica em consultório privado.A par da prática clínica, o seu percurso profissional é marcado pela participação em projectos de intervenção com crianças, adolescentes e famílias, com realce particular para a aplicabilidade dos conceitos psicanalíticos no trabalho com equipas multidisciplinares e em contextos muito diversos, nomeadamente o meio prisional e Instituições de acolhimento de crianças e jovens.

Era Uma vez a Liberdade... Histórias para falar com os medos

João Seabra Diniz
A VERDADE DO MEDO E O MEDO DA VERDADE
A difícil relação entre a realidade e o fantasma


Argumento

O medo é uma presença frequente na vida humana. Supõe uma perceção da realidade de que o outro, e os outros, fazem parte. Mas tem uma importante componente de fantasmas, que condicionam a maneira como essa realidade e esses outros são percecionados. Depende ainda do desejo e da forma como se imagina que ele pode ser satisfeito na realidade. Entre os vários fatores há uma interação complexa.

“Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia”
Eça de Queiroz.

Notas Biográficas

João Seabra Diniz é Psicanalista, Presidente do Instituto de Psicanálise de Lisboa,membro titular, didata e membro da Comissão de Ensino da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e reconhecido pela Associação Psicanalítica Internacional como Psicanalista de Adultos e Psicanalista de Crianças e Adolescentes.
Pertenceu ao quadro da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde trabalhou em estabelecimentos para crianças privadas de meio familiar normal e tem uma larga experiência no acompanhamento de casais e crianças que passaram pelo processo de adoção. Integrou, como Psicólogo Clínico uma Equipa de Saúde Mental Infantil, tendo trabalhado também no Hospital Infantil de S. Roque. Foi Diretor do Serviço de Ação Social da Misericórdia de Lisboa. Colaborou como supervisor da equipa materno-infantil no Centro das Taipas. Foi membro do Conselho Nacional da Família, designado para essa função, a título de Individualidade, pela Alta Comissária para a Igualdade e a Família. Desde há muitos anos que tem dedicado especial atenção às atividades de formação a vários tipos de profissionais. Autor de numerosos artigos em revistas científicas, tem colaborado regularmente nos meios de comunicação social. É autor de “Este meu filho que eu não tive: a adopção e os seus problemas” (2007) eco-autor de “A Família Portuguesa no século XXI” (2015)


Sílvia Madeira
SER LIVRE, PODER ESCOLHER. Releitura de um conto de Andersen.


Argumento
Liberdade. Medo. Responsabilidade. Obediência.Como interagem estas dimensões no humano? Como se articulam? Umas (algumas) darão origem a outras? Como as arrumaremos? Liberdade com responsabilidade? Medo com obediência? Talvez demasiado simplista. A responsabilidade não poderá estar intimamente ligada à obediência, às normas sociais, aos constrangimentos morais e éticos? E o que dizer da liberdade e do medo? A liberdade implica autonomia que nos afasta pelo menos de vez em quando do consenso da maioria. E nem todo o medo é físico…
O João (nome fictício) foi trazido à consulta pelos pais, que se mostravam muito preocupados com um comportamento que o então adolescente exibia: à menor contrariedade, entenda-se chamada de atenção dos pais, limitação de pedidos, lançava-se para o quintal da casa e com uma pá abria buracos no muro, destruindo-o. A mãe demonstrava a sua perplexidade repetindo: “ Era uma criança tão obediente!”.
O conto de Andersen “O rouxinol e o imperador” narra a prisão da ave aos desejos do soberano, porque este detinha esse poder e enquanto assim o desejou, até se cansar e se esquecer do rouxinol. Livre, este volta para espantar a Morte que pretende levar o imperador…Aqui o medo (da morte) do imperador parece tê-lo conduzido ao respeito pela liberdade do rouxinol e este, finalmente livre, volta. Por conhecer também ele o poder (o medo) da morte ou porque é responsável?
Será possível viver humanamente sem nenhuma liberdade, nenhuma responsabilidade, nenhuma obediência, nenhum medo?Que papéis jogam na construção pessoal cognitiva, afetiva, social? Haverá “doses máximas e mínimas”? Devem ser introduzidas educativamente, em idades sensíveis?
A partir da releitura (de uma releitura) do conto de Andersen “O Rouxinol do Imperador” e da análise de casos clínicos, procuraremos refletir sobre a importância estruturante destas dimensões na construção do humano.


Notas biográficas
Sílvia Maria Gonçalves Madeira (1957) é Psicóloga Clínica e Mestre em Ciências de Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Lisboa. É Professora Adjunta na Escola Superior de Educação de Santarém onde tem leccionado aos Cursos de Ensino Básico, Educação Social e Animação Comunitária . Estagiou na Casa da Praia com o Dr. João dos Santos e tem-se dedicado às pedagogias não formais e informais, nomeadamente aos contos, ditos tradicionais, no desenvolvimento e estruturação do ser humano.


Miguel Horta
"CONTA-NOS UMA HISTÓRIA PARA ESPANTAR O MEDO" 


 Argumento
São 9.30h. da manhã. Entro na biblioteca prisional e sento-me à mesa com um grupo de reclusas - vamos falar do medo. Todos os dias falamos da liberdade, ao ponto de ela se tornar forma, sólida, tangível, irremediavelmente presente. Mas falamos muito pouco sobre o medo, tão familiar e insidioso que aos poucos se instala no silêncio. “Conta-nos uma história para espantar o medo”, pedem-me.

 Notas Biográficas
Miguel Horta (1959) é Pintor e dedica-se à partilha e comunicação com o Outro, daí que a sua intervenção se estenda à mediação cultural (museus, bibliotecas públicas e escolares, bairros problemáticos e estabelecimentos prisionais, ruas e praças). É ainda autor/ilustrador de literatura infanto-juvenil (Pinok e Baleote-PNL, Dacoli e Dacolá-PNL e Rimas Salgadas - PNL) eRetratinho de Amílcar Cabral (Teatro). Expôs Troncos e marés na Galeria Appleton Square (2012).Contador de histórias, intervém em contextos muito variados, narrando com regularidade nas “Palavras Andarilhas”.É Formador na área da mediação leitora e mediação junto de populações com necessidades educativas especiais e Integra o projeto10x10 do Programa Descobrir/Gulbenkian onde exerce com regularidade a sua atividade de mediador cultural no Centro de Arte Moderna.

Curriculum sintético
Pintor. Mediador cultural, intervindo em museus, bibliotecas públicas e escolares, bairros e prisões. Autor/ilustrador de literatura infanto-juvenil: Pinok e Baleote-PNL,Dacoli e Dacolá-PNL,Rimas salgadas(poesia) eRetratinho de Amílcar Cabral(Teatro).Narrador oral.Formador na área da mediação leitora e das necessidades educativas especiais. Expôs Troncos e marés na Galeria Appleton Square (2012)


Quando se perde a Liberdade

Maria Luís Borges de Castro
Liberdade: a sustentável fragilidade do afeto.


Argumento

Sem Liberdade interna não há liberdade externa.
Qual é o principal condicionante desta dualidade imposta? O medo como objeto real e externo, ou o medo como introjeto desenvolvido ao longo do desenvolvimento psíquico na relação com a alteridade?
Medo primário na relação precoce, medo da falta de amor de si próprio, medo da perda do amor do “outro”, medo da desvalorização atribuída pelo seu rival com a consequente perda de poder…
Sem Liberdade interna, eu não penso, atuo! Sem consciencializar o medo, ataco; se ataco posso perder a representação da vida. A vida vivida na relação, com plasticidade cria e acentua a maturidade e o prazer.
Assim, a realidade interna confunde-se com o amor, o desejo, o desespero, o ódio, a raiva, a alienação, associados sempre à compreensão de si mesmo e do outro, resumindo-se ao conhecimento da nossa identidade e ao consequente sentimento de Liberdade, que permite que o afeto seja plástico e doce! Lembrando a beleza poética plástica e doce de José Régio...

Vai o menino só na estrada grande,
grande e medonha entre pinhais sombrios,
entre uivos ruivos, roucos e bravios,
arranhando o silêncio que se expande...

A mãe dissera-lhe: “o menino ande
longe das selvas, dos fundões, dos rios...”
E avós, irmãos, amigos, primos, tios:
“Menino, vá por onde a gente o mande!”

Mas o menino foi desobediente
e andou por vias ínvias ou sem gente,
pela mão de enigmáticos destinos.

Saltar-lhe-ão lobos vis e cães de el-rei...
Foi pondo o ouvido em terra que escutei
lobos uivar e soluçar meninos



Nota Biográfica
Maria Muis Borges de Castro é Licenciada em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina de Lisboa, Pedopsiquiatra e Psiquiatra, chefe de Serviço Hospitalar do Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia. Psicanalista, Membro Convidada Permanente da Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP). Membro Associado da Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP). Membro da International Psychonalytical Association (IPA). Ex-Assistente Convidada da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa; Ex-Membro do Conselho Superior da PT-ESCOLAS. Sócia da Associação Portuguesa de Pedopsiquiatria. Ex-Diretora da Revista Portuguesa de Pedopsiquiatria (RPP). Com diversos Trabalhos publicados nas áreas de Psicanálise, Pedopsiquiatria, Psicossomática e Pedagogia.



Maria Palha
Uma Caixa de primeiros socorros das Emoções e o Medo


Argumento
A importância de conhecer a saúde mental tal como conhecemos a saúde física e de que forma podemos reconhecer e regular as emoções e o medo especificamente. Como podemos criar o nosso Kit SOS das emoções para otimizar o nosso bem estar no dia prevenindo quadros de mal estar emocional e psicológico. Uma história de contexto de guerra onde o Medo foi uma emoção presente e de que forma se deu a volta ao texto

Nota Biográfica
Maria Palha formou-se em Psicologia no ISPA no ano de 2005. Mais tarde especializou-se em Terapia pela Arte, em Teatro do Oprimido no Centro Augusto Boal no Rio de Janeiro, e em Empreendedorismo Social pelo IES/INSEAD. Desde 2006 que viaja pelo mundo a desenhar e implementar programas de saúde mental em diversos contextos. Iniciou o seu percurso profissional no Hospital Central de Maputo, em Moçambique (2006) e logo se candidatou aos Médicos Sem Fronteiras. A partir de então tem vindo a trabalhar com esta organização em contextos de crise humanitária. Começou pelo Zimbabué, apoiando pacientes com HIV-SIDA, passou depois por contextos de guerra como a Líbia (2011), a Síria (2013), a Ucrânia (2014) e o Sudão do Sul (2014). Com os Médicos Sem Fronteiras deu também assistência em situações de catástrofes naturais - como no terramoto da Turquia (2011) ou as Cheias do Brasil (2010) e em contextos pós guerra, como em Caxemira (2012) ou Camboja (2015). No momento está sediada em Portugal, saindo anualmente e trabalha como consultora de programas de impacto social, dá formação em diversas áreas, e presta ainda apoio psicológico à população portuguesa.


Victor Nogueira
Lutar contra os medos, condição de Liberdade

Nota Biográfica

Victor Nogueira é Licenciado em Economia, pós-graduado em Política e Gestão de Recursos Humanos e em Ciência Política, Técnico Superior aposentado do Ministério da Economia. Profissionalmente, desenvolveu actividades de direcção, chefia, coordenação, avaliação/investigação e de assessoria de direcção, em diferentes Departamentos da Administração Pública, em particular nas áreas do consumo, educação, formação, informação, relações internacionais e cooperação. Perito nacional em Educação do Consumidor e em Educação Ambiental junto da Comissão Europeia, tendo animado e coordenado vários projectos e redes internacionais sobre consumo e sustentabilidade. Activista social em várias associações profissionais, humanitárias, culturais e de desenvolvimento. Membro do Conselho de Fundadores do CPR, Conselho Português de Refugiados. Na Amnistia Internacional Portugal foi membro da Direcção, durante 15 anos, dos quais 14 como Presidente. Na Amnesty International foi assessor da Direcção Internacional (1989/93), e membro Direcção da Amnesty International European Union Association (1995/2002), e do seu Conselho (2005/2009), tendo integrado uma missão contra a pena de morte nos Estados Unidos (Atlanta, 1996) e representado o Secretário-Geral da AI num Seminário Internacional organizado pela UNAVEM II, Missão das Nações Unidas em Angola (Luanda, 1992). É colunista e comentador permanente da RDP África (1996/2014).


Mónica d’Oliveira Farinha
Asilo: fundado no medo, espaço de liberdade?


Argumento
O direito de asilo assenta na acção por parte da comunidade internacional de garantir os direitos fundamentais de uma categoria específica de pessoas que, por não beneficiarem da protecção do seu país de origem, se vêm forçadas a fugir: os refugiados. O medo faz parte da génese da definição de refugiado. Com efeito, o "receio fundado de perseguição" constitui um dos requisitos para se ser reconhecido como refugiado, mas o sentimento de medo permanece durante o percurso de fuga, até se encontrar local seguro... Constituirá, todavia, o reconhecimento formal do estatuto de refugiado garantia suficiente dos direitos humanos no país de acolhimento?

Nota Biográfica
Mónica d’Oliveira Farinha nasceu a 1 de Dezembro de 1968 em Lisboa. Trabalha no Departamento Jurídico do Conselho Português para os Refugiados (CPR) desde 1994, após ter concluído a licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Desde 2000 exerce as funções de Coordenadora desse Departamento. Trabalha em estreita cooperação com organizações como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que o CPR representa em Portugal, e o European Council on Refugees and Exiles (ECRE). No âmbito das suas funções, acompanhou de perto as reformas legislativas Portuguesas em matéria de asilo e refugiados. Tem ampla experiência como docente em Direitos Humanos e Direito de Asilo, tendo lecionado na Universidade de Economia da Universidade de Coimbra, Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Aberta, Ordem dos Advogados e CIMIC. Participou em missões relacionadas com protecção internacional à Grécia (2010), Líbano (2011) e Ucrânia (2015).

Conferência

Paul Denis
De la peur et de la liberté dans les sociétés actuelles. Approches psychanalytique.
Conferência comentada por Manuela Fleming
Tradução simultânea

Argument
L’aptitude à la peur est consubstantielle au fonctionnement psychique. La découverte du monde extérieur se fait dans la peur, l’angoisse du huitième mois telle que l’a décrite Spitz est une peur, la première, en face d’un visage étranger, dans la confrontation avec un élément non familier du monde extérieur. Mais elle se manifeste aussi dans des moments où le psychisme fonctionne sur lui-même. Le rêve d’angoisse et plus encore la terreur nocturne en témoignent. Elles sont liées à une désorganisation du fonctionnement psychique qui perd sa cohérence, sa continuité ce qui s’accompagne d’impressions que l’on a décrite de différentes façons, état traumatique, dépersonnalisation, déréalisation, effondrement psychique, angoisses sans nom…

Dans les sociétés actuelles la peur est rarement réaliste, nombre de dangers objectifs ne déclenchent pas la peur salutaire qui permettrait de les éviter. A l’inverse il est des croyances ou des fantasmes qui déclenchent la peur. C’est le cas de la plupart des phobies, en particulier de ces deux phobies maîtresses que sont l’agoraphobie et la claustrophobie. L’une est à l’origine de la plupart des formes de peurs de la liberté, l’autre au point de départ de tous les refus d’un quelconque pouvoir exercé sur soi par l’autre qu’il s’agisse d’un individu ou d’une instance politique, fut-elle débonnaire. L’une conduit à la servitude volontaire, l’autre à la révolte.

Do medo e da liberdade nas sociedades actuais. Aproximações Psicanalíticas

Argumento
A aptidão para experimentar o medo é consubstancial ao funcionamento psíquico. A descoberta do mundo exterior inclui o medo, a ansiedade do oitavo mês tal como foi descrita por Spitz, é um medo, o primeiro, em face de um rosto estranho, no confronto com uma parte desconhecida do mundo exterior. Mas o medo manifesta-se também no interior da própria mente. O sonho de angústia e o terror noturno são disso testemunha. Ligado a uma desorganização do funcionamento psíquico que perde a sua coerência e a sua continuidade, o que é acompanhado por impressões que foram descritas de várias formas, estado traumático, despersonalização, desrealização, colapso psíquico, angústias sem nome ...

Nas sociedades atuais o medo é raramente realista, numerosos perigos objetivos não desencadeiam o medo salutar que permitiria evitá-los. No sentido inverso, há crenças ou fantasias que provocam medo. É o caso da maioria das fobias, em especial das duas principais fobias, a agorafobia e claustrofobia. Uma está na origem da maior parte das formas dosmedos da liberdade, a outra no ponto de partida de todas as recusas de qualquer poder exercido sobre si pelo Outro, seja ele um indivíduo ou uma instância política. Um conduz à servidão voluntária, o outro à revolta.

Apresentação

Paul Denis é MembroTitular da Sociedade Psicanalítica de Paris, analista didata e membro da International Psychoanalytical Association. Foi diretor da Revue française de psychanalyse, co-dirige com Michel de M’Uzanet Françoise Coblence a colecção « Le fil rouge » na Presses Universitaires de France. Faz parte do conselho editorial de La psychiatrie de l’enfant. Publicou numerosos artigos e livros, nomeadamente « De l’âge bête, la période de latence », « Emprise et satisfaction, les deux formants de la pulsion » , « Sigmund Freud 1905-1920[1] », « Rives et dérives ducontre-transfert » , « Les phobies » , « Le narcissisme » et « De l’exaltation ».

Manuela Fleming é Psicanalista Didata, membro da Sociedade Portuguesa de Psicanalise SPP) e da International Psychonalytical Association (IPA).É Professora Catedrática de Psicologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto (UP). Foi Directora do Curso de Doutoramento em Saúde Mental da UP. Desempenhou o cargo de Secretária Científica da Revista Portuguesa de Psicanálise durante 10 anos e foi Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise. Publicou dezenas de artigos de Psicologia e de Psicanálise em revistas internacionais e nacionais da especialidade. É autora de de vários livros de Psicanálise, de que destaca: Manuela Fleming (2003). Dor sem Nome: Pensar o sofrimento. Porto. Ed. Afrontamento Manuela Fleming. C. Amaral Dias (1998). A Psicanálise em Tempo de Mudança. Porto, Ed. Afrontamento Manuela Fleming, Celeste Malpique (2010). Psicanálise e Mudança Psiquica: cartografias para uma viagem. Porto, Ed. Afrontamento.


A Cidade dos Homens

Leonardo António
Filme "ESPAÇOS"

Exploram-se os ESPAÇOS e os ambientes da cidade de Lisboa onde reina a
curiosidade e o desprezo. A população vive o poço urbano através da adaptação aos
elementos que a rodeiam sem nunca perder o rumo, difuso e inalterável. A pessoa
urbana ignora, sem saber, os limites do seu olhar e estabelece uma linha de rumo
que contorna o receio para procurar e encontrar a sua liberdade.

Notas biográficas
Leonardo António, Realizador de Cinema e licenciado em Arquitectura, é o autor do
filme "O Frágil Som do Meu Motor" e de inúmeros outros projectos audiovisuais.
Produz e Realiza desde 2005 e ganhou, em 2008, o Prémio Internacional do Júri do
Festival de Cinema Ekotop, na Eslováquia, com a curta-metragem "Aqua", o primeiro
filme a aventurar-se em Ficção Científica e Efeitos Visuais 3D em Portugal.



Manuel Graça Dias
O MEDO DA CIDADE: DE AUTOMÓVEL ENTRE O SHOPPING E O CONDOMÍNIO


Argumento
Não tenho conhecimento de nenhum estudo que nos elucide sobre se a criminalidade, a violência gratuita, os abusos sexuais, têm vindo a aumentar em Portugal, ao longo dos anos, ou se é a visibilidade (por vezes necessária, outras, apenas, sensacionalista), que lhes é dada por televisões e jornais que vai sendo amplificadamente maior.
O que é certo, é sentirmos hoje muitos cidadãos, sobretudo da classe média urbana, presos a temores pequeno-burgueses envolvendo, quer um arreigado sentido de propriedade quer fantasiosas fobias no que toca aos usos possíveis do corpo.
A cidade contemporânea foi sendo refeita à custa de medos vários. Onde ontem Haussmann ordenara as grandes avenidas, para melhor controlo do revoltado proletariado da Paris do final de XIX, são hoje as "vias rápidas", urbanas e suburbanas, a momentânea pacificação das famílias da classe média, enfiadas dentro de cápsulas com cintos, airbags, portas automaticamente travadas e obrigatórios assentos "próprios" para as diversas idades dos filhos que viajam atrás, entretidos com jogos vídeo nos tablets presos às costas das cadeiras. Dentro daquelas bolhas não entra o "mal" da cidade, sobretudo se se circular à velocidade europeia, ouvindo uma voz GPS indicando placas europeias azuis que bifurcam as opções por entre as retalhadas periferias.
E se quiserem jantar? O shopping tem um grande e vigiado food court e lá serão livres de escolher os pratos preferidos dos filhos, com mais ou menos calorias. Depois, um filme de acção, enquanto mastigam pipocas em segurança na sala quase vazia. Na hora do regresso, encontram o automóvel no mesmo piso, na mesma área, na mesma fila, no mesmo lugar onde o deixaram. Voltar a casa é ainda mais livre de perigos; os miúdos dormem nas suas múltiplas cadeirinhas de segurança – "não deixe de utilizar a cadeira de apoio ou o banco elevatório antes de a criança ter 150 cm de altura, 12 anos ou 36 kg de peso!"
Entram nos seus condomínios; cumprimentam o Sr. Jaime ou o Sr. Nessunga, os porteiros que lhes acautelam a entrada; lá em baixo fica o lugar do automóvel, depois o elevador; daí a nada, estarão na completa tranquilidade do apartamento fechado por porta blindada e uma combinação infalível de números e letras como código de acesso.
Antigamente, dizia-se que os ameríndios (ou seriam os africanos?) não gostavam que os colonos os fotografassem, temendo que lhes roubassem a "alma".
É a única coisa que esta nova classe europeizada não teme; ou porque já lha roubaram ou porque não a chega a sentir necessária.

Notas Biográficas
Manuel Graça Dias (Lisboa, 1953) é Arquitecto (ESBAL,1977), Prof. Associado da FAUP, onde concluiu Doutoramento em 2009 e Prof. Catedrático Convidado do DA/UAL. Vive e trabalha em Lisboa onde mantém atelier com Egas José Vieira, desde 1990. Foi Director do Jornal Arquitectos (2000-04 e 2009-12) e Presidente da Secção Portuguesa da AICA (2008-12), sendo autor de inúmeros artigos e vários livros de crítica e divulgação de temas de Arquitectura. Em 1999 ganhou, com EJV, o Prémio AICA/MC (Arquitectura).


José Machado Pais
Patologias sociais da vida urbana


Argumento
A vida urbana tem vindo a ser dominada por urdiduras relacionais fragmentadas e precárias, onde impera o medo do outro e a indiferença social. O que se debate são as profundezas ocultas de estruturas urbanas que, à superfície da vida quotidiana, se manifestam numa neurose cultural.

Nota biográfica
José Machado Pais (Lisboa) é licenciado em Economia e doutorado em Sociologia, Investigador Coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Coordenou o Observatório Permanente da Juventude Portuguesa e Observatório das Atividades Culturais. Foi consultor da União Europeia e do Conselho da Europa (Vice-Presidente do Youth Directorate of the Council of Europe). Foi Diretor da revista Análise Social e da Imprensa de Ciências Sociais. Foi também Vice-Presidente da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas de Língua Portuguesa (2011-2015). Em 2003, recebeu o Prémio Gulbenkian de Ciências Sociais e, em 2012, o Prémio ERICS (Prémio Estímulo e Reconhecimento da Internacionalização em Ciências Sociais). Presentemente é Subdiretor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem dirigido projetos internacionais em vários domínios das Ciências Sociais e publicou vários livros, de entre os quais se destacam: A Prostituição e a Lisboa Boémia (Lisboa, 1985, 2008); Artes de Amar da Burguesia (Lisboa, 1986, 2006); Culturas Juvenis (Lisboa, 1993, 1995, 2003); Sousa Martins e suas Memórias Sociais. Sociologia de uma Crença Popular (Lisboa, 1994); Consciência Histórica e Identidade. Os Jovens Portugueses num Contexto Europeu (Lisboa, 1999); Sociologia da Vida Quotidiana (Lisboa, 2002, 2004, 2007, 2010, 2012; 2015); Ganchos, Tachos e Biscates. Jovens, Trabalho e Futuro (Porto, 2001, 2003, 2005); Nos Rastos da Solidão (Porto, 2006, 2007); Lufa-lufa Quotidiana. Ensaios sobre Cidade, Cultura e Vida Urbana (Lisboa, 2010); Sexualidade e Afetos Juvenis (Lisboa, 2012); Enredos sexuais, Tradição e Mudança. As Mães, os Zecas e as Sedutoras de Além-mar (Lisboa, 2016, no prelo).


Vasco Tavares dos Santos
Arquitectura e Melancolia


Argumento

'Luto e Melancolia' , estudo fundamental sobre o Ego, é um texto privilegiado de Freud, que mostra como poucos a força e a beleza literárias da genialidade freudiana bem como o seu mérito ético.
A presente comunicação pretende mostrar como nenhuma disposição da alma ocupou o Ocidente tanto tempo e tão continuamente como a melancolia.

Ela permanece, operatória, no seio dos problemas com os quais o homem é actualmente confrontado e abarca múltiplos domínios: a psicanálise, a psiquiatria, a filosofia , a literatura , a arte. E a arquitectura. Ecoam,aqui, as obras de Aldo Rossi e Diogo Seixas Lopes, referências maiores que recorrem a um sentido primordial de dúvida sobre  ' o nosso  sentimento habitual de imperfeição’. A atitude melancólica não pode ser entendida como um distanciamento da consciência face ao desencantamento do mundo. Esta ' doença sagrada', desde alguns quadros antigos até numerosas obras contemporâneas, mostra como este humor constitui e corporiza o génio europeu.

Notas Biográficas
Vasco Tavares dos Santos nasceu em 1959. Psicoterapeuta e Psicanalista exerce actividade clínica e docente. É Director Adjunto da Revista Portuguesa de Psicanálise e formador no Instituto de Psicanálise de Lisboa. É membro associado da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e da International Psychoanalytical Association. Tem colaboração diversificada nos domínios da reflexão literária e da Psicanálise aplicada. Desenvolve também, desde 1979 uma singular actividade de editor, tendo fundado a editora Fenda e dirigido a revista com o mesmo nome.

A Cultura como espaço de Liberdade

Maria Teresa Horta
Chameada de Pássaros


Notas Biográficas
Maria Teresa Horta é escritora, poetisa e jornalista. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Dedicou-se ao cine-clubismo, como dirigente do ABC Cine-Clube, ao jornalismo e à questão do feminismo tendo feito parte, juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, das Três Marias, que lançaram o livro "Novas Cartas Portuguesas. Fez parte do grupo Poesia 61 e publicou diversos textos em jornais como Diário de Lisboa, A Capital, República, O Século, Diário de Notícias e Jornal de Letras e Artes, tendo sido também chefe de redacção da revista Mulheres. É autora de uma vastíssima obra em poesia e prosa, de entre a qual: Espelho Inicial ; Tatuagem ; Cidadelas Submersas; Amor Habitado; Minha Senhora de Mim ; Educação Sentimental ; As Mulheres de Abril ; Poesia Completa I e II ; Os Anjos; Minha Mãe, Meu Amor; Rosa Sangrenta; Só de Amor; Inquietude; Les Sorcières - Feiticeiras; Palavras Secretas (Antologia); As Palavras do Corpo (Antologia de poesia erótica); Poemas para Leonor; Meninas; Ambas as Mãos sobre o Corpo; Novas Cartas Portuguesas; O Transfer; A Paixão Segundo Constança H.; A Mãe na Literatura Portuguesa; As Luzes de Leonor. A 8 de março de 2004 foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e foi galardoada com o Prémio D. Dinis 2011 da Fundação Casa de Mateus pela sua obra "As Luzes de Leonor".


Emílio Guerra Salgueiro
Ou da liberdade como espaço de cultura?


Argumento
Liberdade e cultura, duas faces da mesma moeda, arrastam-se uma à outra, e não sobrevivem se se procurar separá-las. A defesa desta sobrevivência-a-dois faz parte dos direitos e deveres do homem e cidadão.

Nota Biográfica
Emílio Eduardo Guerra Salgueiro é Psicanalista e Psiquiatra de crianças, adolescentes e adultos. Membro da Associação Psicanalítica Internacional (IPA), é membro titular e didata da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e da sua Comissão de Ensino. A sua lista de colaboração académica é extensa: professor auxiliar do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, na cadeira de psicopatologia da criança e do adolescente; professor na Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria, da cadeira de psicologia e psiquiatria infantil, coordenador do núcleo de Saúde Mental infantil e Juvenil, professor do Curso de Formação em Psicanálise, do Instituto Português de Psicanálise. Foi presidente da comissão diretiva do Centro Doutor João dos Santos - Casa da Praia - e também da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Autor de numerosos artigos e publicações, na revista Análise Psicológica, no Jornal Sociedade de Ciências Médicas e na Revista da Sociedade Portuguesa de Psicanálise, entre outras, editou a sua tese de doutoramento intitulada Crianças irrequieta: três estudos clínico-evolutivos sobre a "instabilidade motora" na idade escolar e a obra “Jacob Rodrigues Pereira”.


Miguel Lamas
Poesia Presa


Argumento
Os encontros Poesia Presa acontecem às terças-feiras no Estabelecimento prisional de Lisboa. Dentro dele há uma comunidade terapêutica na Ala G, com um portão gigante de ferro à entrada. Para lá do portão, depois do longo corredor, com celas de ambos os lados, encontra-se a biblioteca onde um grupo de reclusos explora a espontaneidade de dizer palavras. Falamos de pessoas reunidas que ousam dizer poesia, exprimem emoções com o corpo, exploram os cinco sentidos por entre as palavras, testam a voz, experienciando o sabor de um certo tipo de liberdade, que a poesia sempre traz consigo.

Nota Biográfica
Miguel Lamas |Toulouse, 1972| Formou-se em Sociologia e em trabalho educativo de rua. Desenvolveu acompanhamento de âmbito psicossocial no Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) do Restelo. Coordenou a Equipa de Acolhimento Nocturno da Câmara Municipal de Lisboa trabalhando com pessoas em condição de sem-abrigo. Integrou o grupo de trabalho dedicado à “Participação” da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem Abrigo. Desenvolveu o projecto de acesso aos direitos sociais com jovens do Bairro Padre Cruz de Lisboa com a chancela do “Enter! Long-Term Training Course for Youth Workers on Access to Social Rights for Young People”, do Conselho da Europa. Frequentou o laboratório da Palavra Dita, ministrado pela actriz Natália Luiza, no Teatro Meridional. Anima um workshop semanal de poesia na comunidade terapêutica, Ala G, do Estabelecimento Prisional de Lisboa, a um grupo de 11 reclusos. É professor da disciplina de Área de Integração na Escola Técnica Psicossocial de Lisboa e ministra workshops a diversos públicos em contextos ditos desfavorecidos.

Fernando Alves
Tenho Medo! Que vejo em mim?


Notas Biográficas
Jornalista há 40 anos, a voz e a escrita de Fernando Alves são, já há muito tempo, uma referência da rádio e do jornalismo portugueses. A sua crónica, Sinais, emitida diariamente na TSF, é um dos espaços fundamentais de pensamento crítico e humanismo na comunicação social. Ligado à fundação da cooperativa, veio a criar a Telefonia Sem Fios, a TSF. Em 2015 a edição do festival literário Escritaria, atribuiu-lhe o Prémio Carreira/Jornalismo