Quando se perde a Liberdade

Maria Luís Borges de Castro
Liberdade: a sustentável fragilidade do afeto.


Argumento

Sem Liberdade interna não há liberdade externa.
Qual é o principal condicionante desta dualidade imposta? O medo como objeto real e externo, ou o medo como introjeto desenvolvido ao longo do desenvolvimento psíquico na relação com a alteridade?
Medo primário na relação precoce, medo da falta de amor de si próprio, medo da perda do amor do “outro”, medo da desvalorização atribuída pelo seu rival com a consequente perda de poder…
Sem Liberdade interna, eu não penso, atuo! Sem consciencializar o medo, ataco; se ataco posso perder a representação da vida. A vida vivida na relação, com plasticidade cria e acentua a maturidade e o prazer.
Assim, a realidade interna confunde-se com o amor, o desejo, o desespero, o ódio, a raiva, a alienação, associados sempre à compreensão de si mesmo e do outro, resumindo-se ao conhecimento da nossa identidade e ao consequente sentimento de Liberdade, que permite que o afeto seja plástico e doce! Lembrando a beleza poética plástica e doce de José Régio...

Vai o menino só na estrada grande,
grande e medonha entre pinhais sombrios,
entre uivos ruivos, roucos e bravios,
arranhando o silêncio que se expande...

A mãe dissera-lhe: “o menino ande
longe das selvas, dos fundões, dos rios...”
E avós, irmãos, amigos, primos, tios:
“Menino, vá por onde a gente o mande!”

Mas o menino foi desobediente
e andou por vias ínvias ou sem gente,
pela mão de enigmáticos destinos.

Saltar-lhe-ão lobos vis e cães de el-rei...
Foi pondo o ouvido em terra que escutei
lobos uivar e soluçar meninos



Nota Biográfica
Maria Muis Borges de Castro é Licenciada em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina de Lisboa, Pedopsiquiatra e Psiquiatra, chefe de Serviço Hospitalar do Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia. Psicanalista, Membro Convidada Permanente da Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP). Membro Associado da Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP). Membro da International Psychonalytical Association (IPA). Ex-Assistente Convidada da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa; Ex-Membro do Conselho Superior da PT-ESCOLAS. Sócia da Associação Portuguesa de Pedopsiquiatria. Ex-Diretora da Revista Portuguesa de Pedopsiquiatria (RPP). Com diversos Trabalhos publicados nas áreas de Psicanálise, Pedopsiquiatria, Psicossomática e Pedagogia.



Maria Palha
Uma Caixa de primeiros socorros das Emoções e o Medo


Argumento
A importância de conhecer a saúde mental tal como conhecemos a saúde física e de que forma podemos reconhecer e regular as emoções e o medo especificamente. Como podemos criar o nosso Kit SOS das emoções para otimizar o nosso bem estar no dia prevenindo quadros de mal estar emocional e psicológico. Uma história de contexto de guerra onde o Medo foi uma emoção presente e de que forma se deu a volta ao texto

Nota Biográfica
Maria Palha formou-se em Psicologia no ISPA no ano de 2005. Mais tarde especializou-se em Terapia pela Arte, em Teatro do Oprimido no Centro Augusto Boal no Rio de Janeiro, e em Empreendedorismo Social pelo IES/INSEAD. Desde 2006 que viaja pelo mundo a desenhar e implementar programas de saúde mental em diversos contextos. Iniciou o seu percurso profissional no Hospital Central de Maputo, em Moçambique (2006) e logo se candidatou aos Médicos Sem Fronteiras. A partir de então tem vindo a trabalhar com esta organização em contextos de crise humanitária. Começou pelo Zimbabué, apoiando pacientes com HIV-SIDA, passou depois por contextos de guerra como a Líbia (2011), a Síria (2013), a Ucrânia (2014) e o Sudão do Sul (2014). Com os Médicos Sem Fronteiras deu também assistência em situações de catástrofes naturais - como no terramoto da Turquia (2011) ou as Cheias do Brasil (2010) e em contextos pós guerra, como em Caxemira (2012) ou Camboja (2015). No momento está sediada em Portugal, saindo anualmente e trabalha como consultora de programas de impacto social, dá formação em diversas áreas, e presta ainda apoio psicológico à população portuguesa.


Victor Nogueira
Lutar contra os medos, condição de Liberdade

Nota Biográfica

Victor Nogueira é Licenciado em Economia, pós-graduado em Política e Gestão de Recursos Humanos e em Ciência Política, Técnico Superior aposentado do Ministério da Economia. Profissionalmente, desenvolveu actividades de direcção, chefia, coordenação, avaliação/investigação e de assessoria de direcção, em diferentes Departamentos da Administração Pública, em particular nas áreas do consumo, educação, formação, informação, relações internacionais e cooperação. Perito nacional em Educação do Consumidor e em Educação Ambiental junto da Comissão Europeia, tendo animado e coordenado vários projectos e redes internacionais sobre consumo e sustentabilidade. Activista social em várias associações profissionais, humanitárias, culturais e de desenvolvimento. Membro do Conselho de Fundadores do CPR, Conselho Português de Refugiados. Na Amnistia Internacional Portugal foi membro da Direcção, durante 15 anos, dos quais 14 como Presidente. Na Amnesty International foi assessor da Direcção Internacional (1989/93), e membro Direcção da Amnesty International European Union Association (1995/2002), e do seu Conselho (2005/2009), tendo integrado uma missão contra a pena de morte nos Estados Unidos (Atlanta, 1996) e representado o Secretário-Geral da AI num Seminário Internacional organizado pela UNAVEM II, Missão das Nações Unidas em Angola (Luanda, 1992). É colunista e comentador permanente da RDP África (1996/2014).


Mónica d’Oliveira Farinha
Asilo: fundado no medo, espaço de liberdade?


Argumento
O direito de asilo assenta na acção por parte da comunidade internacional de garantir os direitos fundamentais de uma categoria específica de pessoas que, por não beneficiarem da protecção do seu país de origem, se vêm forçadas a fugir: os refugiados. O medo faz parte da génese da definição de refugiado. Com efeito, o "receio fundado de perseguição" constitui um dos requisitos para se ser reconhecido como refugiado, mas o sentimento de medo permanece durante o percurso de fuga, até se encontrar local seguro... Constituirá, todavia, o reconhecimento formal do estatuto de refugiado garantia suficiente dos direitos humanos no país de acolhimento?

Nota Biográfica
Mónica d’Oliveira Farinha nasceu a 1 de Dezembro de 1968 em Lisboa. Trabalha no Departamento Jurídico do Conselho Português para os Refugiados (CPR) desde 1994, após ter concluído a licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Desde 2000 exerce as funções de Coordenadora desse Departamento. Trabalha em estreita cooperação com organizações como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que o CPR representa em Portugal, e o European Council on Refugees and Exiles (ECRE). No âmbito das suas funções, acompanhou de perto as reformas legislativas Portuguesas em matéria de asilo e refugiados. Tem ampla experiência como docente em Direitos Humanos e Direito de Asilo, tendo lecionado na Universidade de Economia da Universidade de Coimbra, Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Aberta, Ordem dos Advogados e CIMIC. Participou em missões relacionadas com protecção internacional à Grécia (2010), Líbano (2011) e Ucrânia (2015).